Com o envelhecimento, muitas preocupações relacionadas à saúde surgem, e a demência é uma das que mais assusta. De acordo com um estudo de 2023, uma das formas de reduzir o risco desse problema está, literalmente, no nosso sono. Pesquisadores descobriram que a falta do chamado sono profundo, ou sono de ondas lentas, aumenta em 27% o risco de desenvolver demência a cada 1% de perda anual desse estágio. E o alerta é especial para quem tem mais de 60 anos, já que esse tipo de sono tende a diminuir com a idade.
Esse estágio específico de sono ocorre cerca de 20 a 40 minutos durante um ciclo completo de 90 minutos, e é conhecido por ser o momento em que o corpo e a mente realmente descansam. Nesse período, nossos batimentos cardíacos, pressão arterial e ondas cerebrais desaceleram consideravelmente. Além disso, o sono profundo é fundamental para o fortalecimento de músculos, ossos e até do sistema imunológico, preparando nosso cérebro para absorver novas informações e manter a memória ativa.
O sono como defesa contra o Alzheimer
O sono de ondas lentas também se mostra essencial para a “limpeza” do cérebro, eliminando resíduos metabólicos e proteínas acumuladas, que estão relacionadas à doença de Alzheimer. Matthew Pase, neurocientista da Universidade Monash, na Austrália, explica: “O sono de ondas lentas ajuda o cérebro envelhecido de várias formas, facilitando a eliminação de proteínas que se agregam na doença de Alzheimer”.
Pase e uma equipe internacional examinaram 346 participantes do Framingham Heart Study, todos com mais de 60 anos, para entender melhor como o sono profundo pode impactar o risco de demência. Esses voluntários passaram por duas avaliações de sono completas entre 1995 e 2003 e foram monitorados até 2018. Ao comparar os dados coletados ao longo dos anos, eles conseguiram traçar uma conexão entre a perda de sono profundo e a chance de desenvolver demência.
O estudo revelou que as pessoas que perderam maior porcentagem de sono de ondas lentas apresentaram risco aumentado não só para a demência em geral, mas também para o Alzheimer, a forma mais comum da doença. “Nossa pesquisa sugere que a perda do sono profundo pode ser um fator de risco modificável para a demência”, complementou Pase.
Os desafios de envelhecer bem
O Framingham Heart Study oferece uma análise rica sobre a saúde de pessoas idosas, monitorando dados como a perda de volume do hipocampo — um sinal precoce de Alzheimer — e fatores que impactam a saúde cardiovascular. A pesquisa também revelou que baixos níveis de sono profundo estão associados a um risco maior de doenças cardiovasculares e à presença do gene APOE e4, ligado ao Alzheimer.
Ainda que a relação entre sono profundo e demência seja clara, os…