A trajetória de vida de atletas como Simone Biles, uma das maiores ginastas da história, exposta em documentário da Netflix, trouxe uma nova luz sobre a importância da saúde mental no esporte. O professor Cesar Lessa, responsável pelo Núcleo de Apoio e Atendimento Psicopedagógico da Estácio (NAAP), compartilha suas perspectivas sobre o impacto desse evento e as implicações para atletas de alto rendimento.
Sobre os sentimentos, expectativas e provações que os atletas enfrentam, Lessa destaca que “essa ‘classificação’ depende de cada um, considerando o estágio emocional e a capacidade de lidar com variáveis. Os pontos destacados podem produzir desdobramentos intensos, na medida em que são absorvidos e produzem ‘efeitos colaterais’, que muitas vezes só descobrimos quando já impactam desfavoravelmente outros aspectos da vida.”
O especialista, que coordena nacionalmente 65 núcleos que oferecem suporte para professores e alunos, incluindo o suporte disponível para mais de 1000 atletas e paratletas apoiados pela Estácio e pelo Instituto Yduqs, como Rebeca Andrade (Psicologia), Rayan Dutra (Educação Física) e Ymanitu Geon (Gestão Ambiental), comenta sobre a da saúde mental.
“A história de Simone trouxe mais visibilidade ao tema e ajudou a desmitificar a ideia de que alguém pode ser imune: todos somos vulneráveis em maior ou menor grau. Ao identificarmos os sintomas, precisamos cuidar de nós, procurando ajuda profissional, quando necessário”, afirma Lessa sendo categórico: “Ninguém está imune! A história de Simone Biles nos ensina que todos precisam cuidar da saúde mental, independente da profissão.”
Lessa reforça ainda a importância da presença de um especialista nas delegações tendo em vista que atletas precisam de apoio como qualquer outra pessoa e a pressão constante por desempenho pode ser debilitante. “Nosso corpo é preparado para lidar com a pressão, e é o cérebro que cuida para que tenhamos a capacidade de prontidão para esses impactos.
Entretanto, a longa permanência nesse estado de tensão e prontidão pode provocar desgastes em outros componentes do corpo e da mente”, explica Lessa. “Imagine uma máquina em que há o direcionamento da energia para uma produção constante, sem algum período de ‘pausa’. O uso constante e ininterrupto provocará, em algum momento, a quebra de uma dessas peças, e toda a produção será impactada.”
Vencer ou perder na mídia
“De um modo geral, somos competitivos com os outros ou conosco – queremos ser melhores, sempre. Isto é bom! Entretanto, perder é um dos elementos presentes nesta vida competitiva, e em boa parte das experiências pelas quais passamos, não somos preparados para lidar com a derrota. Não ganharemos sempre!”, ressalta Lessa.
Entre os atletas não é diferente, segundo o especialista, em uma época em que as redes sociais…