Pessoas com complicações crônicas do diabetes têm um risco até três vezes maior de desenvolver algum transtorno de saúde mental, como ansiedade ou depressão. Da mesma forma, quem tem essas condições emocionais também está mais propenso às consequências provocadas pelo descontrole da insulina.
A constatação é de um estudo liderado por cientistas da
Segundo a pesquisa, esse efeito aumenta à medida que os adultos envelhecem. Para chegar aos resultados, a equipe analisou dados que foram coletados entre 2001 e 2018 de mais de 553 mil pessoas. Dessas, 45 mil tinham diabetes tipo 1, 152 mil o tipo 2 e 356 mil não apresentavam a doença.
Por que o diabetes está associado a transtornos mentais?
As principais complicações crônicas do diabetes incluem problemas microvasculares, como a neuropatia (danos nos nervos), a nefropatia (dano nos rins) e a retinopatia (problemas nos olhos, especialmente na retina, que podem levar à cegueira). Outra é a macroangiopatia, que altera a circulação das grandes artérias, resultando em doenças cardíacas, doenças vasculares periféricas e maior risco de acidente vascular cerebral (AVC).
“Todas essas complicações afetam a qualidade de vida do paciente com diabetes e a saúde mental também. Da mesma forma, indivíduos com alterações psicológicas também podem apresentar essas complicações de forma mais exacerbada”, afirma o endocrinologista Clayton Macedo, que coordena o Núcleo de Endocrinologia do Exercício e do Esporte do Hospital Israelita Albert Einstein.
Possíveis mecanismos
O diabetes é uma doença multissistêmica, que combina fatores psicológicos e comportamentais com as alterações fisiopatológicas, principalmente metabólicas e hormonais. A gestão da condição, o controle da glicose, a adesão aos cuidados alimentares e a rotina de medicações são muito desgastantes para o paciente e, por isso, podem levá-lo a desenvolver quadros de ansiedade, depressão e estresse crônico.
“Por isso, hoje em dia valorizamos como fator de risco o acesso ao tratamento e também as dificuldades em torno dele, especialmente o custo do tratamento ideal, que envolve desde as melhores medicações até a monitorização contínua. Há uma série de fatores que podem influenciar essa via bidirecional”, observa Macedo, que também coordena o ambulatório de Endocrinologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Além disso, o diabetes descompensado gera um estado inflamatório no organismo, o que afeta negativamente a saúde mental e tem impacto na neuroplasticidade cerebral, levando a alterações de humor, perda cognitiva e até demência. “Isso, com…